29 setembro, 2015

Lilith

Vênus Urânia, Sol, num poente agoníaco.
Ilusão dos sentidos, flor de espuma. Lótus de volúpia, os olhos do zodíaco. Astro do sonho a mergulhar na bruma. Bruxa cruel, de olhos do infortúnio!
Toda de neve, a cordilheira linha de finos rutílos punhais, cordilheira da morte,
val da morte, para imortais.

17 setembro, 2015

Ancestrais

Este é o ponto a que chegamos, de banir os nossos ancestrais para fotos ou registros na parede a fim de dar-lhes uma fraca presença em nossas memórias embaçadas. Ancestrais? As pessoas hoje nem sequer sabem as datas do nascimento e morte de seus próprios pais. Claro, elas estão escritas em algum lugar. É uma maravilha quando se sabe até um pouco sobre seu avô, para não mencionar seu bisavô. Quanto ao tataravô, ao todo nem se pensa sobre ele, como se nunca tivesse existido. Mais antes, muito antes, as coisas eram diferentes. Isso foi antes da palavra tornar-se mera mercadoria, usada para inventar mentiras, quando o homem ainda vivia com a sua palavra, então não era necessário escrever e registrar seus ancestrais. Esse foi um tempo em que o fluxo vivo de sangue do filho para o pai, do pai para o avô e bisavô e tataravô ainda não havia sido sufocado. Ele ainda não havia afundado como acontece hoje, nas profundezas todos os valores forasteiros dentro da mente e da alma, que a maioria de nós não pode mais ouvir o ruído, mesmo na hora mais silenciosa. Uma vez que todo o passado habitava nos corações dos vivos. E a partir deste passado, o presente e o futuro cresceram como os membros fortes de uma árvore saudável. E hoje em dia? Eles riem dos contos do nosso Volk (povo), eles nem sequer os compreendem.



FONTE: A voz dos nossos ancestrais